A endometriose acontece quando o endométrio – tecido que reveste a parede interna do útero e é eliminado durante a menstruação – começa a crescer fora da cavidade uterina, em órgãos como ovários, trompas, ligamentos uterinos e até intestino e bexiga. Esse tecido fora de lugar cresce e se desprende mensalmente, acumulando-se dentro do abdômen e provocando um processo inflamatório na pelve, que pode levar à aderência entre os órgãos dessa região.
Uma das consequências são mudanças anatômicas com possível obstrução das trompas. Além disso, a inflamação altera os padrões de ovulação e prejudica a qualidade dos óvulos produzidos. Tudo isso pode causar infertilidade.
Tratamento
De acordo com a Febrasgo, a dificuldade para engravidar está presente em 30% a 40% das mulheres com endometriose, mas o problema normalmente é reversível e a doença pode ser controlada, embora não haja cura definitiva. "O tratamento clínico envolve o uso contínuo de hormônios que impedem a menstruação, inibindo, portanto, o acúmulo do endométrio fora do útero", explica o ginecologista Sérgio Podgaec, presidente da Comissão de Endometriose da Febrasgo e professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O médico ainda faz um alerta: embora o tratamento melhore os sintomas da doença, é preciso fazer o acompanhamento com exames de imagem, para verificar se o processo foi, de fato, controlado. O ginecologista Nicolau D´Amico Filho, diretor da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), acrescenta: “Há drogas novas que podem fazer um bom controle da doença em longo prazo, mas o anticoncepcional não é a melhor escolha, pois mascara os sintomas e a doença pode evoluir sem dor”.
Outra opção para o tratamento, caso a mulher não tenha planos de engravidar, é o uso de um dispositivo intrauterino (DIU) medicado com hormônio. Em último caso, pode-se recorrer à laparoscopia para remoção completa dos focos de endometriose. Após a operação, a paciente é mantida sem menstruar até o momento em que desejar engravidar.
De acordo com Podgaec, quando é feito um tratamento cirúrgico o ideal é que a mulher tente engravidar logo que se recuperar da cirurgia. "Esse é o melhor momento, pois todos os focos de endometriose foram removidos”, diz o especialista. D´Amico afirma que, após uma cirurgia bem sucedida, as chances de conceber uma criança chegam a 70%. Mas, caso isso não aconteça, é possível ainda recorrer às técnicas de reprodução assistida.
A endometriose não interfere na gravidez nem no desenvolvimento do feto. Pelo contrário. Paradoxalmente, a própria gestação ajuda a inibir os sintomas, já que nesta fase o corpo da mulher produz grande quantidade de progesterona, que combate a doença.
Como identificar?
É importante estar atenta aos sinais da endometriose e tentar diagnosticá-la o quanto antes. Existem dois sintomas principais: fortes cólicas menstruais e dor no fundo da vagina durante a relação sexual. Em alguns casos, a mulher pode apresentar intestino solto ou muito preso durante a menstruação, dificuldade e dores para evacuar ou urinar neste período e ainda desconforto contínuo na barriga ao longo de todo o mês.
Os sintomas não necessariamente aparecem juntos, mas se algum deles surgir é fundamental conversar com seu ginecologista, principalmente se houver casos de endometriose na família. A doença pode ser diagnosticada por meio de exames de imagem como o ultrassom transvaginal e a ressonância magnética.
Importante notar também que a intensidade dos sintomas não está diretamente ligada à gravidade da doença. A endometriose pode ser completamente assintomática e, por conta disso, é comum que o diagnóstico seja feito tardiamente, com o quadro agravado e, não raro, quando partes de órgãos já foram comprometidas. Diversas mulheres só descobrem a doença quando tentam engravidar."
Fiquem de olho!
Beijos
A matéria foi retirada da Revista Crescer.